Você já se perguntou o que as bibliotecas têm a ver com o Papa?
Essa pode parecer uma pergunta inusitada à primeira vista — mas a verdade é que a história das bibliotecas e da Igreja Católica caminham juntas há muitos séculos. Desde os tempos mais remotos, pontífices têm sido não apenas defensores, mas verdadeiros patronos da preservação do saber humano.
E não é exagero dizer que, sem a Igreja, parte importante do conhecimento poderia ter se perdido para sempre.
Papas e bibliotecas: uma aliança histórica pela sabedoria
Você sabia que a famosa Biblioteca Apostólica Vaticana, uma das mais antigas do mundo, foi idealizada pelo papa Nicolau V e criada, oficialmente, em 1475 pelo Papa Sisto IV?
O objetivo era claro: preservar o saber humano, reunindo manuscritos, documentos e obras raríssimas em um só lugar.
Hoje, esse acervo passa dos 1,6 milhão de livros impressos e 180 mil manuscritos. Um verdadeiro tesouro da humanidade.
No entanto, Nicolau V e Sisto IV não foram os únicos. O Papa Leão X, no século XVI, era um apaixonado pelos clássicos greco-romanos e incentivou a tradução e preservação de obras filosóficas e científicas. Já o Papa Bento XV, em 1921, abriu o acesso à Biblioteca Vaticana para pesquisadores do mundo inteiro — um gesto revolucionário de democratização do conhecimento.
E no Brasil? As raízes estão nos jesuítas
Aqui em terras brasileiras, o vínculo entre Igreja e biblioteca também tem raízes profundas. No período colonial, as bibliotecas jesuíticas foram os primeiros núcleos de leitura em território brasileiro — um legado que, muitas vezes, passa despercebido.
Papa Francisco: uma voz atual pela cultura e o conhecimento
Mais recentemente, o Papa Francisco também se posicionou fortemente em defesa das bibl
iotecas e do acesso à informação. Em diversas ocasiões, ele destacou o papel das bibliotecas como instrumentos de paz, inclusão e diálogo entre os povos.
Em 2024, durante audiências com bibliotecários e arquivistas, ele afirmou:
“Penso, por exemplo, (…) na necessidade de incluir e nunca excluir ninguém das fontes de conhecimento e, ao mesmo tempo, defender a todos do que é tóxico, insalubre e violento que pode se esconder no mundo do conhecimento social e tecnológico.”
“(As bibliotecas) são chamadas a transmitir o patrimônio do passado de forma significativa para as novas gerações, que vivem imersas em uma cultura líquida e, portanto, precisam de ambientes sólidos, formativos, acolhedores e inclusivos para poderem elaborar novas sínteses, capazes de se apropriar do presente e olhar para o futuro com esperança”.
Lamentamos o falecimento do Papa Francisco, cuja vida foi marcada por uma constante busca pelo diálogo, pela justiça social e pela valorização da cultura. Sua defesa das bibliotecas foi apenas uma das muitas formas com que ele mostrou sua preocupação com a formação integral do ser humano.
E você, já sabia dessa curiosidade sobre o papel dos papas na história das bibliotecas?
Num mundo cada vez mais digital, onde o conhecimento é compartilhado em velocidade recorde, vale refletir:
Qual o papel das bibliotecas hoje? E quem são seus defensores agora?
Afinal, preservar o conhecimento é um dever de todos nós.


