Experiência da Biblioteca da FCA em Intercâmbio Funcional: Uma Janela Finlandesa para as Bibliotecas da Unicamp
O SBU, por meio do seu Centro de Recursos de Aprendizagem (CRA), promoveu a primeira palestra de um ciclo voltado para o compartilhamento de experiências internacionais para os profissionais das bibliotecas. A primeira palestra foi ministrada pela Sra. Renata Eleutério, bibliotecária coordenadora da Biblioteca da Faculdade Ciências Aplicadas (FCA), sobre a sua experiência de intercâmbio funcional na Universidade de Helsinque, na Finlândia, a fim de conhecer, além de seu Sistema de Bibliotecas, a Biblioteca Central de Helsinque Oodi, que foi a vencedora do prêmio Biblioteca Pública do Ano de 2019 no Congresso Mundial de Bibliotecas e Informação da Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA).
A palestra lançou luz sobre as inovações e os desafios na gestão e nos serviços de informação no cenário global. Repleta de fotos e vídeos, que transportaram os profissionais do SBU para a realidade finlandesa, a sessão destacou os diferenciais que fazem das bibliotecas finlandesas referências mundiais e a importância de se observar atentamente os caminhos trilhados por instituições de ponta.
O evento focou justamente nessa troca de experiências em um nível funcional, explorando como a infraestrutura, os serviços, a tecnologia e a filosofia de gestão finlandesa podem inspirar o desenvolvimento das bibliotecas universitárias na Unicamp. A concepção e operação dessas bibliotecas servem como um estudo de caso valioso para qualquer instituição de informação, incluindo as acadêmicas.
Um dos pontos altos da apresentação foi a exploração dos diferenciais da Oodi. Longe de ser apenas um acervo de livros, a Oodi se posiciona como um espaço cívico multifuncional, uma “sala de estudos” urbana. Sua gestão reflete essa visão, com foco na acessibilidade universal, na participação cidadã no desenho dos serviços e na oferta de uma gama diversificada de recursos que vão muito além do empréstimo de material bibliográfico tradicional. A apresentação detalhou como a Oodi incorporou laboratórios de fabricação digital (fab labs), estúdios de gravação, espaços de coworking e áreas dedicadas a atividades culturais e de aprendizado contínuo, demonstrando uma abordagem proativa em atender às necessidades em constante evolução da comunidade.
As imagens e vídeos exibidos evidenciaram a infraestrutura de ponta da Oodi, marcada pela arquitetura moderna e pela integração de tecnologia de forma intuitiva e acessível. O contraste com a realidade frequentemente enfrentada pelas bibliotecas de universidades públicas brasileiras, muitas das quais lidam com orçamentos limitados e infraestrutura defasada, foi notório, mas a apresentação soube salientar que as diferenças, embora muito significativas, representam estágios distintos de um mesmo caminho evolutivo.
Renata comentou que o seu intercâmbio funcional durou 15 dias e seguiu uma agenda bem completa junta aos profissionais bibliotecários da instituição e ainda pôde conhecer outras bibliotecas tanto da Universidade de Helsinque, quanto da rede Helmet (Helsinki Metropolitan Area Libraries).
Assim, a apresentação também tocou, ainda que de forma contextual, na dinâmica de outras bibliotecas no ecossistema finlandês. A filosofia de trabalho e de colaboração entre as instituições finlandesas foi apresentada como um modelo a ser observado.
O intercâmbio funcional, ricamente ilustrado, foi unanimemente aplaudido. Para a equipe do SBU, representou uma oportunidade ímpar de adquirir conhecimento sobre práticas administrativas inovadoras, modelos de serviço centrados no usuário e o potencial transformador da tecnologia e do design de espaços de bibliotecas.
Renata destacou que os profissionais da biblioteca finlandesa e da universidade anfitriã permitiram trocas de conhecimentos de forma acolhedora, reforçando a importância dessa generosidade para a construção de uma comunidade global de bibliotecas mais conectadas e resilientes.
Ao final, Renata agradeceu à equipe da Biblioteca e Diretoria da FCA e a Diretoria de Relações Internacionais da Unicamp (DERI).
A principal mensagem que ecoou da apresentação é a de que, apesar das diferenças conjunturais e dos recursos disponíveis, muitas das bibliotecas universitárias brasileiras estão, sim, no mesmo caminho de modernização e relevância social. A busca por inovação, a adaptação às novas tecnologias, a redefinição dos espaços e serviços e o foco no usuário são movimentos presentes em ambas as realidades, embora no Brasil haja desafios específicos bem diferentes, com caminhos burocráticos e culturais que lentificam os avanços. O intercâmbio com a Helsinki serviu não apenas como um lembrete do que é possível alcançar, mas também como um impulso para que as bibliotecas da Unicamp continuem avançando, inspiradas pelas melhores práticas internacionais, mas sempre adaptadas à sua própria realidade e contexto. A jornada é contínua, e o aprendizado mútuo entre bibliotecas de diferentes partes do mundo é um componente essencial para o futuro da informação e do conhecimento nas Bibliotecas da Universidade.